terça-feira, 15 de junho de 2010

Oficina de Escrita

Actividade: Foi dado o primeiro parágrafo, retirado do conto “Chocolate à Chuva”, para os alunos continuarem a história.
Esta é a história final.

HISTÓRIA COLECTIVA

Fizemos malas, desfizemos malas, vamos embora, não vamos embora, tira o mapa da gaveta, volta a pôr o mapa na gaveta, cuidado não te entales, contámos dinheiro pela 146ª vez, a Rosa tolinha de todo a aumentar ainda mais a confusão agarrada às nossas pernas a gritar “Eu tenho cinco réis como a Carochinha”, e o meu pai com aquele ar de quem não está para achar graça nem à filha mais nova, quanto mais
- Rosa, tem calma! Já arrumaste tudo?
- Já… só me falta a toalha. – voltou-se para o pai – Mas para onde é que vamos?
- Espera, é surpresa. Quando lá chegarmos vês.
As manas estavam agitadas e não paravam de palrar.
- Calem-se as duas e vamos lá embora – pediu o pai, já levemente irritado.
Arrumaram por fim as malas e puseram-se a caminho. Passadas cinco horas, chegaram a Espanha. As irmãs saíram do carro apressadamente para tocar na campainha da casa do tio João, que adoravam, onde se hospedariam em sossego durante alguns dias.

O pai das meninas e o tio João estavam, contudo, um pouco estranhos. E a Beatriz, a irmã mais velha não viera. Aliás, a doença tinha-se agravado nos últimos tempos e, para as poupar ao sofrimento, as manas não a visitavam no hospital há já algumas semanas.
A dada altura, os adultos decidiram contar às raparigas o que se passava.
- Filhas, a vossa irmã já partiu. O cancro agravou o seu estado nos últimos dias…
As meninas, assustadas, começaram a chorar.
Durante os dias que se seguiram, a Rosa, a mais nova das irmãs, sentiu muito a falta de Beatriz, pois era a mana que mais a ajudava e que lhe dava mais atenção. Os meses foram passando e a dor pela ausência foi diminuindo. Contudo, Rosa continuava muito triste, chorando todas as noites. Os pais já não sabiam o que fazer para ajudá-la.
Passado um tempo, outra notícia foi dada – a mãe teria de ir temporariamente trabalhar para França.
A Rosa continuava a chorar. Sonhava muito com a irmã e, um dia, sonhou que a Beatriz lhe dizia: “Pára de chorar, mana. Aconteceu. Ninguém teve culpa.”
A menina pensava: “Será que as pessoas, quando morrem, ficam felizes?... E nós?... Nós é que sofremos quando as pessoas de quem gostamos se vão embora…”
Entretanto, a família pôde de novo reunir-se com o regresso da mãe. Os anos passaram e tudo lentamente retomou a sua normalidade.
Contudo, aquela família parecia estar marcada pela infelicidade - outra tragédia atingiu a alegria que pouco a pouco se instalara. Os pais perderam a vida num acidente de viação. A dor tomou de novo conta das vidas das duas irmãs. Só lhes restava uma solução: pedir ajuda ao tio João, que vivia em Espanha.
Foi com um misto de tristeza e alegria que as recebeu em sua casa, procurando criar um ambiente feliz entre as crianças e os seus próprios filhos.
Aos fins-de-semana eram frequentes os passeios em família ao campo e à praia. A tia Maria ofereceu-lhes ou cão, a quem ensinaram muitas habilidades e que rapidamente se tornou o companheiro ideal para brincadeiras e companhia.
Neste ambiente saudável, as meninas tornaram-se adultas, superando a
dor das situações pelas quais haviam passado, enfrentando-o o futuro com força, determinação e confiança, sem nunca esquecer a perda das pessoas mais queridas para todos nós.
De vez em quando, vêm a Portugal visitar os seus amigos, que já não entendem muito bem o português delas… E o riso é geral!



Fim

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